quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Os erros dos outros.





Sim, é realmente muito fácil apontar os erros dos outros. Temos uma facilidade, uma agilidade indescritível em reconhecer o que o outro fez que, além de não nos agradar, julgamos rapidamente como errado; sem avaliar que nosso conceito de certo ou errado é – 99% das vezes - diferente do outro, já que não tivemos a mesma criação, não recebemos a mesma educação, mesma cultura, e principalmente possuímos caráter e personalidades diferentes. Não fomos moldados tal cubos de gelo, todos iguais na grande maioria, não. Somos feitos das diferenças, e são elas que nos enriquecem e nos tornam únicos.
Principalmente no trabalho isso é fácil de reconhecer. Quantas vezes nos pegamos criticando ações e reações de colegas, dizendo nos café e intervalos – ou mesmo durante o trabalho – que “aquilo” poderia ser feito diferente. Que aquela reação foi demasiada desproporcional ao fato, que ele não tinha o direito, que ela não deveria ter falado, que o patrão não é um bom líder, et cetera.
O que me faz refletir sobre o assunto? Primeiro porque me coloco no meio do balaio, e assumo que muitas vezes sou eu o primeiro a apontar, criticar e julgar. Trabalho em um ambiente feminino, cercado de mulheres e comissões, ou seja, a fofoca é certa. Creio também que na maioria das vezes a crueldade não é o principal fator que nos move, somos mesmo engolidos pela ânsia de sermos melhores, pela competitividade, até nas pequenas coisas, pela inveja. Queremos, na grande maioria das vezes, chamarmos a atenção para a ilusão de que nós sim somos ideais, “perfeitos”, e iremos com certeza, se tivermos oportunidade, fazer “isso” melhor do que “aquilo” que o outro fez.
O segundo motivo, o inspirador, foram as fotos desta postagem que recolhi no Facebook. Eu concordo, o trânsito de Assis está complicado, em postagens anteriores já falei sobre os semáforos e as primeiras mudanças. Mas acredito que isto seja somente uma fase, e que em breve veremos melhorias. Mas o que me fez refletir foi o seguinte: o trabalhador que foi responsável pelas instalações das placas (das fotos) não tinha o direito de errar?
Todos nós temos o direito de liberdade de expressão, e não tiro – quem sou eu pra isso – o direito de quem tirou e postou a foto. Acredito ainda que a principal ação que moveu meu amigo a tirar essa foto – sim, foi meu amigo quem tirou uma das fotos, e falo porque o conheço – foi na intenção de fazer piada com as coisas que realmente parecem acontecer só em Assis. E assim é, que a legenda da foto original é “Coisas que só acontecem em Assis”.
O que me deixou incomodado foram alguns comentários maldosos, de pessoas que compartilharam as fotos, cheias de prepotência e falta de respeito.

 Vergonha alheia com esse bando de incompetentes...”
“É O FIM DO MUNDO”
“Assis não é ruim, a má administração é q acaba com ela!”
“BARBARIDADE!”
“Assis terra da competencia”
“Pode ter serteza assis continuara sem direção”
“Meu Deus!!! Inacreditavel!”
“É a blz de transito e a coordenação de direção é melhor ainda”
“TERRA DO NUNCA [...] Isso, na verdade, é pouco perto do que encontramos por lá.”
“Essa porra é perto da minha casa...”
“Engenheiro de trânsito daí deve ser uma assumidade em estragar o que tá certo”
“Lamentável”

Lamentável mesmo são os erros de ortografia. Ou serão apenas erros de digitação?
Qualquer mudança é caótica se não estivermos prontos e abertos para ela, e aí as coisas ficarão piores do que realmente parecem ser. Mudar é transformar, é alterar, é sair do comodismo e partir para a ação. As mudanças, mesmo que exteriores refletem em nosso interior, consciente ou inconscientemente. No caso de mudanças no trânsito precisamos realmente usar mais o cérebro, afinal, para chegarmos ao destino desejado, não iremos mais percorrer o mesmo caminho, isso gera – ou pelo menos deveria gerar – cautela, raciocínio e atenção. No caso da foto, sim, as placas podem gerar confusão, mas... O trabalhador “Sr. Colocador de Placas” não tem o direito de errar!?
Antes de encerrar gostaria de deixar aqui minhas desculpas ao meu amigo fotógrafo, não quero lhe causar nenhum desagrado, entendo perfeitamente seus motivos, e por lhe conhecer, sei que tudo não passou de uma brincadeira com o tão comentado “trânsito de Assis”, talvez se não fosse você, pudesse ser eu o autor da foto. Não critico a sua ação, critico os comentários maldosos de pessoas – acredito eu – perfeitas.
Para mim, “o fim do mundo” vai muito além de um Sr. instalar uma placa nova e esquecer de tirar a antiga, mesmo que esteja uma ao lado da outra.

Consideração final: Sim, mesmo não sendo fácil e agradável, eu aceito críticas, desde que elas não me ofendam.


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