quarta-feira, 13 de março de 2013

Toda Forma de Amor...


Apenas um beijo de despedida antes de sair para o trabalho. Todo dia o mesmo beijo, frio, sem sentimento, sem espera, sem retorno.
Ele a amava só que a distância. Ela; ela entendia que ele se dedicara ao amor, e por isso, o amava. Fora uma boa mulher, nunca tentara interpretar seu silêncio. O sol e as estrelas são os mesmos com o passar dos tempos, as pessoas mudam, transformam-se, e apaixonam-se, ou não. Ele era feliz, sempre na medida. Sempre no trabalho. Talvez ele tenha sofrido, mas esquecera. Decidiu esquecer. E assim caminhou por anos, entre a tênue linha que ligava o passado com o presente, já passado. E entre eles o silêncio, sempre o silêncio, sempre os minutos, as horas, os pensamentos. Deste silêncio enorme nasceu um terceiro elemento: a falta de sentimento. Deste terceiro elemento nasceu a tristeza. Da tristeza, a doença. Da doença, a morte. Da morte, a liberdade.
E agora? Viver ou morrer com ela? Com as lembranças? Com o passado?
Viver! E feito à escolha, partiu para ação. Viver é amar, e amar, amar de verdade, era o que ele esperava.
Então eles se encontraram, num dia frio e sem querer, acordaram para si. Ele queria que fosse mágico ou engraçado, mas foi apenas, real. De tão real foi romântico, de tão romântico foi verdadeiro. De tão verdadeiro... foi amor. Seu amado era 50 anos mais novo, e o via como um pai, e o amava como homem. Descobriram juntos sentimentos até então extintos, escondidos, não vividos. Um completava o outro, e vive versa. Mais que o próprio amor, a necessidade de amar os unia. E juntos, eram fortes. E juntos correram. Juntos se amaram, beberam, choraram. Juntos se curtiam, se divertiam, se alegravam. Juntos passearam, trocaram flores, beijos, carinhos. E juntos... juntos viveram!
O tempo foi cruel, não dando a eles, tempo. Sim, foram felizes neste período de libertação, e souberam aproveitar, mas queriam mais. Os amantes sempre querem mais. O amor é guloso, insaciável. Mas o tempo negou...
Sentia a vida chegando ao fim, escorrendo por entre os dedos fracos e enrugados. Mesmo assim, soube não desistir. Soube que toda forma de amor, é amor. E soube viver cada escolha ou renúncia, respeitando o tempo, o próximo, e principalmente a si mesmo. Viveu primeiramente pelos outros, pela mulher e pelo filho, mas quando decidiu viver para si, com seu novo amante, o fez com louvor. Dançou sem vergonha, aprendeu novas palavras, permitiu-se recomeçar, não cobrou juízo ou pudor, apenas viveu. Viveu feliz enquanto pode. Viver é uma arte, e ele foi um artista. Para viver não basta estar vivo, é necessário querer, é necessário coragem, e antes de tudo, é preciso amar!
 
Inspirado no filme: Toda Forma de Amor.

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