Crédito Imagem: makkahnewspaper
Estes dias
recebi a seguinte mensagem pelo WhatsApp: "Quem
souber de alguém que esteja desempregado, a Engmax Construtora vai contratar
150 profissionais para trabalhar na duplicação da Rodovia BR 406. Interessados
enviar currículo para: ...". Nesta
mensagem ainda constava o número de telefone para contato e o nome do
responsável pela seleção, “Ricardo”. Não recebi apenas uma vez, recebi essa
mesma mensagem em três grupos distintos.
Na hora
pensei em uma grande amiga, que apesar da sua imensa capacidade e qualificação,
é refém do Sistema (diga-se de passagem, injusto) Educacional e da má
distribuição de aulas para professores, nas atribuições.
Logo, fui
pesquisar a origem da mensagem, já que um "pequeno" detalhe me chamou
atenção: o DDD do telefone para contato era "84", e moro em uma
região onde o mesmo é "18". A BR-406 é uma Rodovia Federal de ligação brasileira, "localizada" no Rio Grande do Norte, que liga Natal a Macau. Em outra busca rápida, encontrei duas Construtoras
"Engmax", uma com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais e outra no Rio
de Janeiro/RJ. Claro que nem cheguei a enviar a "oportunidade" para
minha amiga. Acredito até que para algumas pessoas isso seja benéfico, mas não
é o caso.
Esta
mensagem me levou ao seguinte questionamento: nós filtramos as mensagens que
recebemos antes de repassarmos para outras pessoas?
Hoje, toda
pessoa com acesso à internet (dados móveis ou Wi-Fi) tem voz no mundo. A
globalização está aí, e tudo está ao nosso alcance através da internet, assim
como quase tudo é liberado.
Compartilhamos,
repostamos e enviamos mensagens o dia todo, notícias e reportagens, mas já
paramos para analisar a veracidade destas?
Figuras
públicas, artistas, esportistas e médicos. Empresários, colaboradores e até
mesmo a D. Maria, faxineira de uma conhecida aqui do bairro, são apedrejadas
virtualmente, vítimas de calúnias criadas na Rede, ou vídeos compartilhados por
nós, todo dia, o dia todo.
Já que
estamos falando em "compartilhar"; ainda luto diariamente para
entender o porquê pessoas tem o prazer de compartilhar vídeos (e também
filmá-los) contendo brigas, calúnias, traições, vítimas de acidente de trânsito
ou tantas outras desgraças. Paro e penso: Porque tanta maldade? Será que eu
ficaria contente em saber que, um vídeo trágico de minha família, está
circulando por aí, perdido em um mundo de celulares, e servindo de riso para
tantas pessoas que me conhecem ou não? Minha gente, é preciso exercer mais o
dom da empatia!
Injustiças,
brigas e crimes são compartilhados através de vídeos pelo WhatsApp. E nós
achamos isso divertido. Engraçado. A tragédia tornou-se entretenimento da
humanidade moderna, e não basta ver, temos que passar adiante, e ainda se há
tempo, temos que dar nosso parecer, nossa opinião, nos tornamos “Doutores da
Verdade” através de uma tela. Somos “Deuses do Touch”. E tudo o que eu postar
ou disser, se torna verdade para mim e para minha rede de amigos. Assim segue,
sucessivamente, e deixamos de lado toda e qualquer voz interior que questiona:
"mas isso é verdade?". Tanto faz nos queremos falar, queremos que nos
enxerguem, queremos ser o primeiro a dar a notícia, queremos ser notícia, nós
queremos o palco, o estrelato, o Oscar das Mídias Sociais. Nós queremos, doa a
quem doer, apertar o botão "Compartilhar".
A internet
hoje é uma terra sem rei, e há - visivelmente - uma luta sangrenta para este
"cargo".
Pare!
Pense! E pesquise! O Google está aí para isso. Leia sobre o assunto do qual
quer compartilhar e se mesmo assim for verdade, questione-se:
1)Meus amigos, das minhas Redes Sociais, precisam
ler essa notícia/vídeo?
2)É de extrema importância compartilhar essa
notícia/vídeo?
3)Essa notícia/vídeo propaga ódio e tristeza?
4)Se eu ou alguém que tenho apreço, estivesse
nesta notícia/vídeo, eu compartilharia mesmo assim?
Quando tenho
a oportunidade, barro alguns vídeos e não faço o download. Se há páginas e
perfis que de hora em hora publicam coisas desagradáveis aos meus olhos, deixo
de seguir ou bloqueio. E se algo me interessa, e eu também quero dar voz e
ênfase e tal notícia, procuro saber o real motivo da mesma, a verdade, os
lados, a importância que isso tem em minha vida e para demais pessoas, para só
então, compartilhar. O mundo está transbordando de maldade, e o que eu puder
evitar para aumentar isso, o farei.
Coitado do
Ricardo (caso ele exista), da Engmax Construtora, que teve seu telefone
divulgado para todo Brasil, não queria, de maneira alguma, estar na pele dele.
Na atual crise do desemprego, imagino quantas mensagens e ligações deva ter
recebido.
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